sexta-feira, 9 de julho de 2010

Mobilização Social: o poder do simples e autêntico

Assisti nesta terça (dia 06/07) a cobertura jornalística na TV do início oficial da campanha eleitoral à presidência. Entre tudo que foi dito sobre os candidatos, me chamou muito atenção a estratégia do PV e de Marina da Silva.

Achei muito interessante a idéia de iniciar sua campanha numa casa simples, inaugurando o que foi chamado de “a primeira Casa de Marina”. Essa é a estratégia do PV de multiplicar diversos centros de mobilização de voluntários e militantes pelo país. Acredito que por trás dessa simplicidade existe muita força: o poder de multiplicação e mobilização.

Na minha visão, esse gesto simples dá um tom diferente do que estamos acostumados a ver. Ainda predomina a idéia de que estar preparado para vencer é preciso ter grandes palanques, de uma grande central, de uma grande estrutura, paradigmas associados a estruturas piramidais e hierárquicas. Isso é um modelo baseado em escassez.

O conceito da Casa de Marina é poderoso porque explora a força da simplicidade e por isso torna possível multiplicar esse conceito entre todas as pessoas que forem conquistadas e estiverem engajadas em sua campanha. E de tão simples, qualquer pessoa pode fazer o seu próprio comitê (A Casa de Marina). De repente, se isso pega, prolifera sem controle, sem a dependência de um sistema central.

Além da facilidade de implantação, o conceito traz uma mudança de postura, está mais próxima de uma visão de descentralização ( rede distribuída) onde o poder do sistema está em não depender de um ponto central. A fragmentação e dinâmica descentralizada é que garante a robustez do sistema. Isso é um modelo baseado em abundância.

Também observo que essa simplicidade é a característica que transparece na própria candidata, o que traz outro elemento muito poderoso para mobilizar pessoas: autenticidade. Observei no site da campanha dela, fica marcante na minha visão autenticidade, coerência com o discurso do PV (sustentabilidade) e com a história da candidata. Marina me parece ter muito mais a cara do Partido Verde do que a cara do PT, de onde ela saiu.

Isso aqui não é um discurso a favor do partido e de sua candidata, esse relato é apenas uma reflexão sobre uma estratégia de marketing político, que em minha opinião, tem elementos que me chamam atenção para ficar de olho no rumo da disputa eleitoral. Também ainda é muito prematuro para identificar de fato o valor prático da idéia, que ainda é embrionária e ainda pode estar sendo mantida de forma maquiada, pela própria equipe de marketing ou comitê de campanha.

Será nessa eleição que a Internet poderá fazer uma grande diferença? Na largada oficial da eleição, desconfio que essa diferença pode ser em benefício de uma candidata com apenas 9% da intenção de voto, com o menor volume de investimentos previstos e o menor espaço de TV entre os principais candidatos.

P.S.: A solução está no como, não em quem vamos eleger
Não acredito que existe um candidato ou um partido que vão fazer a mudança no país. A mudança é um processo, por isso é preciso analisar e prestar atenção nos meios, na forma como estamos conduzindo o processo democrático. O foco está nas estruturas, nos modelos e dinâmicas que usamos para manter o nosso estado democrático. Por isso, participe, seja um militante, partidário ou voluntário do seu candidato, seja ele quem for. Esse é o começo da mudança.

Um comentário: